Turismo étnico-afro na Bahia: saiba onde visitar

Entenda a importância dessa modalidade de turismo e como ela pode ser uma rica fonte de conhecimento

O turismo não se baseia apenas em passagens aéreas, hospedagem e visitas guiadas. Todo um mercado é movimentado e esse movimento envolve diversos aspectos sociais, que dão nome ao turismo cultural, turismo ecológico, entre outros.

Uma vertente recente é o turismo étnico-afro, que consiste em dar mais espaço para a arte, a religião, o artesanato, a culinária e demais elementos provenientes da matriz africana e suas influências na consolidação da cultura brasileira.

O Brasil é um país cuja população é composta por mais de 50% de pessoas pretas e também uma das nações onde há os mais altos índices de racismo. Parte disso se deve a uma negativa herança histórica que sempre colocou essa raça como inferior, fazendo com que o interesse por sua cultura de origem fosse sempre marginalizado e pouco incentivado. 

Viajar é uma das melhores maneiras para se aprender sobre um lugar, um povo e sobre a história local. Com essa nova forma de se fazer turismo, o viajante terá a chance de deixar de lado preconceitos, ampliando seus conhecimentos e valorizando toda a tradição de uma gente que foi tão excluída, mas que, na verdade, tem seus traços presentes em muitos aspectos da formação do brasileiro.

Quando ir?

Os destinos, porém, não estão apenas para os que não conhecem a fundo o povo preto, mas àqueles que querem aprofundar o que sabem, sobretudo no que diz respeito à religião, haja vista que começaram a ser praticadas na Bahia e, posteriormente, chegando a outras regiões do Brasil, alcançando muitos fiéis.

Em datas comemorativas, como o dia de Iemanjá, em 02 de fevereiro, são realizadas verdadeiras festas, com pessoas vindas de diferentes partes do mundo para reverenciar a rainha dos mares, mãe de todos os Orixás. O tradicional bairro do Rio Vermelho recebe inúmeros devotos, com suas rosas brancas para ofertar, esperando pelos barquinhos na alvorada.

Durante o evento, é possível degustar e oferecer pratos, como o manjar e o mungunzá, preparados a partir das receitas vindas de diferentes partes da África por meio daqueles que foram escravizados.

Além da festa de Iemanjá, há outras datas importantes para se conhecer mais a cultura afrodescendente, adaptada e reinventada em terras tupiniquins. Em 16 de janeiro há também a Lavagem do Bonfim, e a festa de São Lázaro, no dia 27 do mesmo mês. Por acontecerem em períodos próximos às férias escolares, as cidades acabam por receber mais turistas, entretanto há muitas outras datas para se conhecer esses eventos populares.

Pontos turísticos

Além de se pensar em quando ir, é importante pesquisar os lugares para onde ir e, assim, tornar sua viagem mais enriquecedora.

Pelourinho

Quando se pensa em Salvador, a primeira capital brasileira, a primeira imagem que vem à cabeça é o Pelourinho. Para a história da comunidade afrodescendente, ele tem uma importância extrema, mas é preciso estar, de fato, atento aos aspectos culturais ali presentes e não se encantar apenas com o comércio. Com o turismo étnico-afro, o que é produzido pela população preta fica em evidência, incentivando, inclusive, a geração de renda dessas pessoas que, por vezes, têm apenas aquele meio para se sustentar.

MAFRO – Museu Afro-Brasileiro

Aproveitando a passagem pelo Pelourinho, é indispensável visitar o Museu Afro-Brasileiro, cujas exposições e curadorias são umas das poucas realmente focadas em contar a história do povo preto e como ajudaram na construção da cultura do país como um todo. 

Por meio de linguagem facilitada, exposta a partir de quadros, esculturas, pinturas, entre outras obras, é um canal que ilustra, de forma bem didática e vivenciável, os aspectos da identidade brasileira, além, é claro, da exposição dos Orixás, contando a história daqueles que guiam a religiosidade e espiritualidade de tantas nações vindas da África nos navios, que se viram obrigadas a resistir para seguir com suas crenças.

O museu fica no antigo prédio da primeira faculdade de medicina do Brasil, sendo de propriedade da Universidade Federal da Bahia (UFBA).

Senzala do Barro Preto

Sede do primeiro bloco carnavalesco afro do Brasil, o Ilê Aiyê, a Senzala do Barro Preto, guarda mais de 45 anos de histórias e carnavais. Parte da cultura baiana, sua representatividade e alcance também dividem espaço com o fato de ser um dos grandes geradores de renda do bairro em que está situada.

A história do bloco está ligada a muita luta e resistência para se manter até os dias de hoje. O lugar é muito especial e carregado de alegria e bons momentos. Para os amantes do Carnaval, é um ponto que, com certeza, deve ser contemplado pelo roteiro de viagem.

Em cada esquina de Salvador está a história do povo afrodescendente. Cuidar dessas memórias é cuidar da cultura brasileira como um todo. Quando decidir a data em que irá viajar, atente-se a eventos que ocorrem em toda a cidade, inclusive em shoppings e no centro histórico, onde há espaços que oferecem oficinas, contações de histórias e muito mais.

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