No mês que enaltece a potência e importância do povo negro para a construção de nossa brasilidade, separamos os locais que mais carregam a essência da cultura afro-brasileira e africana
Todos conhecemos a história brasileira que nos é contada. Sabemos do Brasil imperial pelos olhos de Dom Pedro I ou seu filho homônimo, e também estudamos a escravidão de negros e indígenas. Porém, esquecemos a riqueza da cultura negra, a diversidade de cores, pratos, danças, linguagens e religiões, que está presente em nosso dia a dia, no dicionário e na culinária.
Novembro é o momento de olhar para essa imensidão cultural. Sabendo disso, pensamos em destinos de viagem para você conhecer e aprender mais sobre nossa história. Afinal, mais de 50% da população brasileira é composta por negros e pardos.
Então já prepare as malas e venha conosco!
Pelourinho – Salvador (BA)
A capital baiana é ponto de referência da cultura afro-brasileira, já que seu desenvolvimento econômico deu-se a partir do escravismo nos engenhos de açúcar da região. Suas construções são testemunhas do período colonial e de muita história. Isso sem contar que Salvador foi capital do Brasil por mais de um século.
E é impossível passar pela cidade sem conhecer o Pelourinho, nome que remete a forma de tortura dos escravos — que eram amarrados e violentados em um tronco de madeira em praça pública para demonstração do poder dos senhores de escravos.
Hoje, o Pelô é sinônimo de cultura, dança e arte baiana como forma de resistência. Tornou-se um dos cartões postais mais conhecidos do Brasil e é o local ideal para você aprender mais sobre arquitetura, culinária e arte africanas.
Museu Afro-Brasileiro – Salvador (BA).
O Museu é um dos poucos no Brasil que abarcam exclusivamente artigos e peças sobre a história negra. Conta com máscaras, instrumentos musicais e diversos objetos relacionados à religião afro-brasileira.
Está localizado no Centro Histórico de Salvador e instalado onde era a antiga Faculdade de Medicina da Bahia, que hoje pertence à Universidade Federal da Bahia.
Igreja Nosso Senhor do Bonfim – Salvador (BA)
Ainda em Salvador (BA), vá para um dos lugares mais instagramáveis da cidade. Também é tido como o maior santuário católico para os baianos pelo sincretismo e dedicação ao padroeiro dos baianos, Nosso Senhor do Bonfim.
Também é lá que você consegue as famosas fitas coloridas e tirar lindas fotos na escadaria. Por isso, se quer abrilhantar seu feed, aqui é o lugar certo.
Historicamente, a igreja traz à tona o ritual de lavagem das escadas pelos escravos para a festa seguinte ao dia de Reis. Com o tempo eles começaram a cultuar Oxalá no lugar, com muita dança e festa, fazendo com que o ritual cessasse e só voltasse a acontecer tempos depois.
Assim, a igreja é ponto cultural obrigatório em seu roteiro de viagens.
Minas Gerais
O estado mineiro é marcado pela mão de obra escrava. Suas ruas, prédios e casas se deram a partir do trabalho forçado. Também destacamos que nesse período os escravos eram trazidos aos montes para a região, já que sua expectativa de vida era curta, menos de uma década. Então, os donos de engenho, senhores do café e colonialistas os traziam para seguir com o trabalho dos que morriam.
Assim como a Bahia, Minas Gerais é fonte inesgotável de cultura, basta olhar para cidades como Ouro Preto, Vila Rica e Araxá, com arquitetura barroca que transporta para um Brasil de outros tempos. Outro destaque do estado são os quilombos, que eram centro da resistência africana e abrigavam os negros fugidos das senzalas, tornando-se conhecidos pela luta.
Hoje, diversas comunidades quilombolas permanecem na região, sendo que muitas são reconhecidas pela Fundação Cultural Palmares. Por isso, escolha Minas Gerais e saboreie a cultura, culinária e história do estado.
Igreja Nossa Senhora do Rosário dos homens pretos – São Paulo (SP)
Por fim, não deixe de conhecer a igreja que se situava na Praça Antônio Prado, região central da capital paulista, mas foi demolida pela urbanização e realocada no largo do Paissandu.
Originalmente, ela foi construída pelos negros no início do século XX, na praça onde aconteciam diversas festas celebradas pelos negros. Ali agrupavam-se também os chamados negros de ganho, alforriados contratados por comerciantes para vender suas mercadorias ao redor da igreja.
Dessa maneira, tornou-se reduto das festas religiosas que serviam também como alívio de seus cativeiros, e logo passou a ser importante para expressão religiosa. Por isso, a construção carrega parte da história, apesar de não mais em seu local de origem, mantém as formas e contornos dos construtores e da cultura do povo negro.
Com nossas dicas, temos certeza que sua viagem será deliciosa e você ainda estará em contato com parte importantíssima da história do Brasil. Não deixe de conhecer tudo que esses lugares têm a oferecer!
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